terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Caixeiro Viajante

Estou sentado em um vagão de trem.

O trem está partindo da minha estação. Estação que há tanto tempo conheço.

Ainda lembro as suas cores, seus aromas. Da fachada forte e segura, do seu teto frágil. Lembro-me do baleiro que adoçava as minhas manhãs e do jornaleiro que vendia suas notícias singelas, mas que muito me interessavam.

Pode parecer uma estação fria para os viajantes que passam por ali despercebidos. Mas para mim era como um dia de primavera.

Agora o meu trem partiu. E olho a minha estação sumindo no horizonte através da janela do vagão.

Estou sentado.

O meu vagão não está cheio.

Uma dama senta-se à minha frente.

Ela sorri.

Eu sorrio de volta.

Segundos.

Talvez ela esteja perdida. Talvez eu esteja perdido.

Ela parece estar esperando alguém. Será que estou ocupando o lugar de outra pessoa? Aquele banco estava vago desde antes.

Ela me olha pensativa.

O que será que ela tanto pensa?

Talvez esteja pensando naquele total estranho parado no lugar que deveria ser de outra pessoa

Desviei olhar.

A janela mostra a minha estação sumindo. Sumindo...

Percebi que estou sem destino. Não sei onde descerei, não tenho onde descer.

Será que ela descerá logo? Quero perguntar, mas... O silencio é extraordinariamente agradável.

Estou em um vagão de trem em frente a uma dama.

Sem destino.

Sem palavras.

O trem segue viagem.

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