sábado, 4 de fevereiro de 2012

O carregamento.


   Me pergunto quando sairei desse trem. Tinha planos para descer  logo, na estação anterior, mas não me deixaram. Não pararam, não abriram a porta. Desci aqui enquanto o trem se abastece. Não imagino que tipo de abastecimento um trem desse porte deve precisar, também, não me importo.
  O que me aflige é a minha parada. Consegui ficar mais perdido do que antes, do que quando saí da minha estação. Pequenos imprevistos mudam grandes planos.
  Estou cansado, e talvez um pouco velho para uma viagem tão longa e sem destino.  A minha vontade é por coisas palpáveis, lugares estáveis, pessoas que eu possa chamar de minhas.

  A estação que me encontro agora é maior que a minha; mais fria e mais metálica. As paredes têm muitos canos em alumínio que seguem, ora em vertical ora em horizontal. O teto,assim como as paredes, é forrado com azulejos marrons. Azulejo que impede a penetração do sol.  Talvez seja uma estação subterrânea.
  Em termo de pessoas, não há muita gente em volta. Há uma ou outra pessoa espalhada pelas plataformas – eu contei 5- e no final, uma loja de conveniências. Esta sim, cheia, as pessoas aproveitavam a parada para comprar algumas coisas. Eu, estava preocupado de mais para parar. Se eu perdesse aquele trem, aí sim séria o fim: perdido e sem locomoção.
  Sentei  em um banco na plataforma, fiquei olhando os trabalhadores carregarem o trem. Ainda assim não me interessei pelo o quê àqueles homens carregavam.
  A minha falta de perspectiva me devora, a sensação de perda me acompanha por todo lado. Preciso traçar um plano, um destino.

O trem apita.

Entro no meu vagão.

O trem segue viagem.

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