Me pergunto quando sairei desse trem. Tinha planos para
descer logo, na estação anterior, mas
não me deixaram. Não pararam, não abriram a porta. Desci aqui enquanto o trem
se abastece. Não imagino que tipo de
abastecimento um trem desse porte deve precisar, também, não me importo.
O que me aflige é a minha parada. Consegui ficar mais perdido
do que antes, do que quando saí da minha estação. Pequenos imprevistos mudam grandes planos.
Estou cansado, e talvez
um pouco velho para uma viagem tão longa e sem destino. A minha vontade é por coisas palpáveis,
lugares estáveis, pessoas que eu possa
chamar de minhas.
A estação que me encontro agora é maior que a minha; mais
fria e mais metálica. As paredes têm muitos canos em alumínio que seguem, ora
em vertical ora em horizontal. O teto,assim como as paredes, é forrado com
azulejos marrons. Azulejo que impede a penetração do sol. Talvez
seja uma estação subterrânea.
Em termo de pessoas, não há muita gente em volta. Há uma ou
outra pessoa espalhada pelas plataformas – eu contei 5- e no final, uma loja de
conveniências. Esta sim, cheia, as pessoas aproveitavam a parada para comprar
algumas coisas. Eu, estava preocupado de mais para parar. Se eu perdesse aquele
trem, aí sim séria o fim: perdido e sem locomoção.
Sentei em um banco na
plataforma, fiquei olhando os trabalhadores carregarem o trem. Ainda assim não
me interessei pelo o quê àqueles homens carregavam.
A minha falta de perspectiva me devora, a sensação de perda me acompanha
por todo lado. Preciso traçar um plano, um destino.
O trem apita.
Entro no meu vagão.
O trem segue viagem.
Esses trilhos ainda farão muitas linhas serem preenchidas.
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